Sunday, September 24, 2006

Uma "viagem" de comboio

Encontro-me em Barcelona, de férias mas em breve virei para cá estudar durante um ano, depois...depois quem sabe?
Mas isso é outra história, agora quero dizer que estou num comboio a caminho da praia a cerca de 30 ms de Barcelona.

Num instante momento ocorreu-me uma memória que me fez ficar nostálgico.
Observei um tipo de raça negra, que se encontra de pé no final da carruagem, é de estatura baixa, um pouco gordinho e tem a cabeça assim para o redondo como que uma bolinha que dá vontade de brincar!:

- "É o MAMBÉ !!! "

Era esse o meu desejo, que fosse ele.Então deixei-me levar pela a imaginação: mergulhei nela com um prazer, tal como mergulhasse numa bela praia de àgua quente com golfinhos por perto.

Olhei-o, ele não me viu!
Aproximei-me e deixei que fosse ele que constatasse que eu, o Joäo Pequeno; era assim que carinhosamente me tratava; estava ali à sua frente, num comboio no meio de Barcelona!
Queria observar a sua cara de espanto, de surpresa, pura!
Olhou para mim, de início não reagiu, nem sorriu! Cinco segundos para que aquele seu sorriso contagiante e para uma expressäo que me apertou o coraçäo:

- "Xéé! "

Um silêncio manteve-se, parecia que não queríamos quebrar aquele momento mágico.Abracámo-nos, sorrimos e eu, como que a dar-lhe a palavra deixei que iniciasse o momento.:

-"João! Xéé! Que faz você aqui? Nã! Nã é verdade!! ",

não estava a acreditar, parecia até que fazia parte juntamente comigo na autoria desta história.

-: "MAMBÉ",

disse-lhe eu, era assim que lhe tratava, com carinho, com saudade e amizade!
Rapidamente lhe convidei para que viesse comigo, prolangando assim o momento.
Não lhe perguntei mais nada, somente o abracei, não queria dalguma forma voltar a acordar, mas sim continuar navegando na minha imaginação.

E fomos: passámos a tarde juntos na praia, conversámos, rimos, recordámos aqueles momentos mágicos de Angola: a nossa viagem até ao Lubango e Namibe, em que andámos perdidos pelo meio do deserto, até que encontrámos o local que tanto procurávamos: O Arco no meio do deserto! Simplesmente fantástico, xingámos as "moças" espanholas e até bebemos uma birra ao final da tarde a contemplar o por do sol!:

-"MAMBÉ"

dizia eu; nada mais conseguia dizer, tinha receio de algo.
Contrariando a minha vontade, eis que surge uma voz no fundo da carruagem:

- "Por favor, mi ayudem, non tengo dinh..."

Interrompido pela miséria que persiste em não desaparecer da humanidade,
fui recambiado para a minha realidade e consciência, uma mulher asiática carregando um bébé ao colo, puxou-me de novo para as pessoas que me rodiavam, para o comboio, para a carruagem, onde ainda se encontrava o tal tipo de raça negra no fundo, exactamente na mesma posição do início da minha "viagem".

O comboio parou e era a minha estaçäo, fiz questão de sair na porta mais longínqua, só para passar de relance pelo tipo, e sentir o "MAMBÉ" de perto.

E assim foi a minha vaigem de 40 ms de comboio até Sitges,
nadando pelo imaginário, deslizando pela saudade,
aproveitando o poder das memórias, elas que nos trazem de novo
quem ficou retido no nosso coraçäo.~

"MAMBÉ" Bernardo, meu amigo, forte abraço!!!

Barcelona, 19 de Agosto de 2006.
Joãozinho,

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